Pobre Menina Rica

Sem pai e sem irmãos

Eu tive uma infância ruim e uma adolescência ainda pior. Tinha tudo para dar errado na vida.Meus pais se separaram antes de eu nascer e eu fui filha única até os sete anos. Minha história era a da “pobre menina rica”. Eu tinha todos os brinquedos possíveis. Eu tinha 5 bicicletas e lembro de um Natal que eu não tinha o que pedir, porque já tinha tudo. Ao mesmo era extremamente triste e solitária. Eu vivia entre adultos, minha família era muito pequena, eu sou a neta e sobrinha mais velha da família do meu pai e da minha mãe – eu não tinha irmãos, nem amiguinhos. Nos primeiros anos de escola, sofri bullying porque as outras crianças diziam que eu era metida porque era rica, coisa que nem me passava pela cabeça… A adolescência foi ainda pior. Sempre sozinha, em casa, afundada nos livros. 

Lugar lindo, longe de tudo

Não tinha muitos amigos, morava em um lugar lindo, mas longe de tudo, no meio do mato, na beira de uma lagoa. Não me relacionava com as pessoas por conta dos meus traumas pessoais e também porque minha casa era longe de tudo. Sofria muito bullying na escola, a ponto de me trancar no banheiro durante o intervalo para não passar vergonha por estar sozinha. Com 15 anos, vim para Florianópolis morar sozinha em um apartamento da família, no centro da cidade. Estudava muito, fazia inglês, natação. Mas seguia sendo aquela menina desajustada e solitária. Em Florianópolis as coisas melhoraram um pouquinho, mas estavam longe de ser boas. Vivia sozinha, longe da família. Nunca passei privações financeiras, mas a privação emocional era enorme. Tinha dinheiro, mas vivia numa miséria afetiva extrema.

Energia para Fazer Acontecer

Minha triste infância e adolescência problemática poderiam ter me levado às drogas e a um destino trágico. Meus tios, que viviam nas mesmas condições de opulência, foram para o caminho das drogas. Poderia ter desenvolvido uma personalidade autodestrutiva. A depressão poderia ter me levado ao suicídio. A dor que vivi ao longo desses anos foi indescritível.
Mas os traumas emocionais não me pararam. Pelo contrário, me estimularam em uma trajetória cheia de êxitos que vão muito além do que a maioria das pessoas consegue atingir na vida pessoal e profissional.
Por meio de uma busca incessante e de uma grande capacidade de trabalho, desenvolvi dentro de mim uma enorme energia para fazer acontecer, para realizar feitos incríveis, com leveza e alegria.

Busca Profunda por Deus

Toda essa dificuldade e sofrimento gerou em mim uma busca incessante e profunda por Deus. Desde muito nova comecei a participar de retiros espirituais católicos, retiros de carnaval, seminários da Seicho-no-Ie, dentre tantas outras imersões.
Essa busca gerou em mim uma grande conexão espiritual, uma intuição profunda, uma necessidade de Deus. Isso culminou em uma espiritualidade verdadeira que foi reconhecida, inclusive, pelo maior Mestre Zen da atualidade, o Mestre Tokuda, que me ordenou Monja Zen Budista.

Desenvolvimento Humano

Além disso, também muito nova, ainda na adolescência, comecei a buscar conteúdos de desenvolvimento humano (livros, cursos, imersões), que geraram em mim uma personalidade antifrágil, que ia crescendo em meio ao caos e à dor.
Sempre tive dificuldade em ter disciplina e concentração. Era muito desorganizada e o meu déficit emocional tornava tudo ainda mais difícil.

Primeiros Lugares e Concursos Públicos

No entanto, eu tinha uma grande capacidade de trabalho e muita persistência e determinação. Muito disso, com a ajuda dos conteúdos de desenvolvimento humano. Logo no começo da minha vida profissional, tirei o primeiro lugar na ESMAFE, primeiro lugar na ESMESC e fui nomeada em 3 concursos públicos de alto nível, cujo salário hoje está entre 25-30 mil reais.
Mas nem tudo são flores. Os fracassos fazem parte da trajetória e eles não podem nos deter. Embora eu tenha tirado primeiros lugares e concursos e na Magistratura Federal e Estadual: reprovei no concurso para Juiz e MPF e, naquele momento, aos 24, 25 anos, resolvi parar de tentar e aproveitar a vida um pouco, aproveitar a estabilidade e o salário que o cargo público de Procuradora Federal me dava e, sobretudo, a possibilidade de continuar morando em Florianópolis, que é uma cidade linda e muito agradável – em que vivo até hoje.

Viajando pelo Mundo

Fui me trabalhando interiormente, aprendendo como realizar sonhos pelo planejamento, visualização, estabelecimento de metas. Construí um caráter de muita determinação, coragem e ousadia para concretizar todos os meus objetivos. Um dos meus maiores sonhos era viajar o mundo. E eu consegui. Dei várias voltas ao mundo, rodei mais de 70 países. E não vou parar até meu corpo permitir.
Nesse meio tempo, também casei (em Fernando de Noronha) e minha vida profissional ficou restrita à atuação como Procuradora Federal, que sempre foi muito destacada – mas era só isso.

Divórcio e Superação

Nesse meio tempo, passei por uma separação de um relacionamento de 15 anos, que é algo que demanda um forte trabalho interno de superação. Consegui superar a separação consolidando uma relação de grande amizade com o meu ex-marido, o que considero, também, um dos grandes êxitos da minha vida. Muitas pessoas se tornam inimigas após um divórcio. No meu caso, nossa amizade aumentou. ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.

Mestrado e Livro prefaciado por Friedrich Muller

Logo depois da separação, resolvi voltar a focar na minha carreira. Decidi que não me contentaria em parar na posição de Procuradora Federal.
Por meio de estratégias de concentração, organização pessoal, gestão do tempo fui superando minhas limitações de tempo (pois o trabalho como Procuradora Federal tomava todo o tempo) e entrei no Mestrado da UFSC. Minha tese foi tão bem sucedida que virou livro, prefaciado pelo Prof. Dr. Friedrich Muller, catedrático de Heidelberg, um dos maiores constitucionalistas do mundo. Fiz um belo lançamento na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi, com fila até a livraria fechar.

Amigos e Sociabilidade

Minha vida tímida e desajustada foi ganhando novos contornos. Consegui fazer muitos amigos, passei a fazer parte de grupos bacanas, de gente incrível, consolidar amizades fortes. Passei a ter muitos amigos. Hoje tenho muitos velhos amigos, que fazem parte de minha trajetória. E estou sempre fazendo novas amizades.
O coaching também mudou minha relação com o trabalho. Antes eu costumava brigar com as chefias (na Procuradoria, embora tenhamos muita autonomia, temos sempre chefes quanto a questões administrativas), tinha uma personalidade muito contestadora, que acabava gerando problemas sérios.

Doutorado – Prêmio CAPES – Prêmio Herzog

Segui na vida acadêmica e fui aprovada em 1º lugar na seleção do Doutorado da Unicamp (sempre a 1ª ou 2ª melhor universidade do Brasil e uma das melhores da América Latina), fazendo um link entre o Direito e as Ciências da Terra – pois minha área é o Direito Ambiental. Minha tese foi indicada por unanimidade para o Prêmio CAPES de melhor tese do Brasil na sua área e recebeu o Prêmio Herzog de melhor tese na área de Saúde, Ciências Naturais e Meio Ambiente.
Todas as dificuldades que passei na vida me impulsionaram a ter resultados extraordinários. Deram-me muita energia para concretizar feitos improváveis. Mostraram que o caminho dos estudos, da espiritualidade e do autoconhecimento podem nos levar muito além do que imaginamos…

Foto de Paola Chaaya na Unsplash.

Gostou desse post?

Então increva-se e receba nossas novidades